sábado, 17 de novembro de 2007

Bjork - Isobel




















Björk - Isobel

Isobel começa com um arranjo expansivo, crescente, metais que anunciam uma espécie de despertar. Incorpora-se a isso uma verve de batuques misturados com samples, essa alternância é estritamente ritmada e harmoniosa, e a impressão é que se está no meio de uma densa floresta.

Essa é uma música com um feeling perfeito, pois consegue criar musicalmente o que diz a letra, pois o primeiro verso diz: “ In a Forest pitch-dark. Glowed the tiniest spark. It Burt to flame. Like me.... ( Em uma floresta extremamente escura. Brilhou uma faísca minúscula. Ela explodiu em chamas. Como eu.... ) ”, é como se penetrasse-mos nesse universo misterioso, obscuro como a própria cantora.

Essa faísca indica ao meu ver a vida, uma vida que acabará de nascer e a explosão é a consciência do existir, de ser e fazer parte de algo maior, de integrar-se ao cosmos. A letra fala um pouco sobre o egoísmo humano, sobre a individualidade e de como a grandeza da vida é surpreendente e de como jogamos tudo isso fora nos fechando num casulo de vaidades.

Isobel é talvez um alterego coletivo, vive sozinha, ama a si mesma, têm um coração cheio de pó, vazio como um armário velho, habitado por um criatura chamada luxúria, Björk ironiza dizendo a seguir: “ It surprises and scares. Like me....( Ela surpreende ( a luxúria ) e assuta. Como eu.... )”, como todos nós, que ficamos pasmos como nossas atitudes. Depois da segunda repetição do refrão, a música torna-se épica, com grandes conjuntos de violinos cortantes, com uma orquestração de fundo como um concerto campestre, duelando com o tribalismo das batidas sampleadas, e uma sensação de grandiosidade toma conta da música acompanhada pela textura macia da voz de Bjork.

Não dá pra negar que é um música exótica, mas a própria beleza em sua subjetividade, se esvazia na repetição, na mesmice, pois a igualdade muitas vezes perde a singularidade, seu caráter, sua identidade. E para aqueles que não conhecem o trabalho de Björk, esse é pautado pela singularidade, pela combinação de modernidade e rusticidade, mesclando sons estranhos criados pela mistura de influência distintas e instrumentos pouco usuais.

A letra cita o cinismo do arrependimento, o teimar, quando ela ( Isobel ) faz isso, é pra valer, diz o verso, a mariposa entrega a mensagem dela, como se fosse um legado, uma maldição, uma condenação como a Sísifo, onde no final ela ficará “ rastejando em silêncio uma simples desculpa ( Crawling in the silence. A simple excuse ) ” .

A torre de aço é a convicção, é a certeza, são os valores de um civilização que aprendemos desde pequenos, ou como cantou Renato Russo: “ Desde pequenos fomos programados. A receber de voceis..........”, ou seja, esses conceitos são quase dogmáticos e nos desenvolvemos como humanos com essas noções, tomando como verdades coisas que nem sempre o são. A música fecha com outra sentença: “ Nacture forges a deal. To raise wonderful hell. ( A natureza forja um acordo. Para criar um inferno maravilhoso. Como eu.... ) ”, somos mesmo um inferno? E maravilhosos?

Depende, pois talvez sejamos, mas o que intriga é que esse mecanismo é nossa própria culpa, pois nos fechamos nessa gaiola e egocentrismo e tornamos esse mundo um espelho, que reflete o que nós mesmo somos.

*Esse é apenas um texto teste, escrito há algum tempo, não liguem para os erros e para a tradução da letra.

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